Há um pouco mais de sete anos, a Folha de S. Paulo públicou a reportagem abaixo em uma de suas páginas, falando sobre a utilização da bicicleta no cotidiano das pessoas. Leia, e ao final verificaremos se houveram mudanças para facilitar sua utillização, ou se as dificuldades de ONTEM ainda são as mesmas dificuldades de HOJE!
18/11/2004 - 09h58
Repórter narra experiência de andar um mês de bicicleta por SP
MARCOS DÁVILA
da Folha de S.Paulo
da Folha de S.Paulo
Um mês de bicicleta, todos os
dias, por São Paulo. Assim, quase
fui roubado, freei a um milímetro
de um pedestre, achei que seria
esmagado por ônibus
ou carros pelo menos três vezes e tive que andar 2
km com um pneu furado, sem contar as inúmeras
vezes que a correia soltou e tive de botar a mão na
graxa. Ainda assim, vale a pena pedalar nas ruas da
cidade só pela sensação de liberdade, de chegar de
um lugar ao outro pelas próprias pernas e não gastar
nada mais além de água.
Minha aventura quase acabou
antes mesmo de começar.
No primeiro dia de trabalho com a
bicicleta, tentaram levá-la de mim.
Depois de vir um segurança, a
pessoa fugiu e ganhei a bicicleta de
novo. Dica: se for prender sua
bicicleta num poste -e isso vai ser inevitável alguma
hora- não economize na corrente.
Mesmo sendo proibido pelo Código de Trânsito,
andar na calçada, na contramão e furar o sinal
vermelho é o hábito da maior parte dos ciclistas que
anda por São Paulo. E, como não existe fiscalização, a
tentação de violar a lei é realmente grande. Quase
atropelei um pedestre a única vez que, por distração,
passei no sinal o vermelho.
O pior foi o centro durante a semana.
Os pedestres invadem a pista a toda
hora. Caos.Ou seja, o crescimento dos
chamados bicicletários subiu muito,
mas não podemos negar que ainda a
muito o que se fazer por parte dos
governantes, para que esses dados
sejam 100% positivos.
Depois disso tive que suar para
convencer um estacionamento a aceitar
minha bicicleta. Esse é um dos grandes
problemas do ciclista urbano: pouquíssimos
estacionamentos vão aceitar sua bicicleta.
Praticamente não existem bicicletários e paraciclos na cidade.
"Ninguém respeita bicicleta nessa cidade", disse um
motoboy depois de ver um carro fechar minha
passagem num cruzamento. O chavão do motoboy
solidário realmente faz sentido, ainda mais se
somado com outro lugar comum: "dirigir em São
Paulo é estressante".
Não espere grande amizade nos motoristas,
principalmente dos que estão dirigindo ônibus. Mas é
impressionante como um sorriso ou um "bom dia" na
janela do carro sempre deixa os motoristas mais
calmos. E, a exemplo do motoboy, outros motoristas
expressaram simpatia com acenos e sorrisos de
dentro dos carros.
É verdade que o momento mais estressante de toda
a experiência foi quando um cidadão passou de carro
pela esquerda e gritou alguma bobagem no meu
ouvido. Um tipo de brincadeira boba, mas que
desconcentra o ciclista e pode levar tudo a perder.
O melhor passeio de bicicleta foi, sem dúvida, no
centro da cidade nas primeiras horas da manhã,
durante o final de semana. Sem pedestres e carros, é
possível pedalar tranqüilamente e observar que o
centro ainda é um dos lugares mais bonitos de São
Paulo.
Não custa nada avisar: está fora de cogitação usar
cachecol quando for pedalar. Ele pode se desprender
do pescoço e enganchar na roda traseira. Foi o que
aconteceu com este pateta. Mais uma hora com a
mão na graxa, mas um sorrisinho no rosto.
Ao final dessa reportagem, não é difícil perceber o
que mudou e o que ainda ficou a desejar de alguns
anos para cá:
Segundo a CPTM, o Metrô dispõe de 17 bicicletários
que além de você poder deixar sua bicicleta
gratuitamente, tem o sistema de empréstimo de
bicicletas. Disponibiliza também para seus usuários,
13 paraciclos em estações, que são estruturas para
prender as bicicletas utilizando corrente e cadeado
do proprietário.
De acordo também com uma matéria feita pelo
Jornal Estadão, entre 2010 e 2011, o número de
bicicletas estacionadas subiu 150% e o de
empréstimos, 55%.
Os bicicletários mais procurados da Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), se dá nas
Linhas 11 e 12. Ambas ficam na zona leste, longe do
maior investimento feito pela companhia em
bicicletas: a ciclovia da Marginal do Pinheiros, usada
majoritariamente nos fins de semana.
Outro caso que podemos citar, é a falta de consciência e repeito por parte dos habitantes de nossa cidade, que ainda sentem dificuldade em respeitar os ciclistas, pois dentro dos carros fecham a passagem num cruzamento, e a pé, insistem em invadir o espaço tão restrito, reservado a eles.
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